quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

[7] Barcelona é um festival - Espanha

Viaje com seus iguais ou com seus superiores;
se não encontrar nenhum, viaje sozinho
The Dhammapada


Era hora de conhecer a minha última cidade da Espanha, a não pouco badalada, cosmopolita, Barcelona. Em alguns aspectos chegaria a dizer que esta cidade com dialeto próprio, localizada na região da Catalunha, é a Las Vegas espanhola ou mesmo a Las Vegas européia. Um lugar onde as pessoas vão para passar a noite em claro se divertindo.

Quis o destino que eu chegasse lá exatamente na semana que era comemorada uma das festas mais tradicionais da região, a Festa de La Mercê. Desse modo, se já não chegasse todos os atrativos que a cidade oferece, ainda pude desfrutar de uma agitação diurna e noturna ainda mais acentuada. Conheci até o famoso grupo Mano Chao em um show aberto com mais de 60.000 pessoas.

Barcelona com seu bairro gótico e igreja no mesmo estilo, com as obras de Gaudí, com seu famoso time de futebol, cujo estádio conheci (e no qual tive a felicidade de assistir a uma partida), com a praia, o parque olímpico construído para as olimpíadas de 92, com a famosa rua La Rambla e as inúmeras praças, não pode ser conhecida em poucos dias. No entanto bastam poucas horas imerso no clima da cidade para se perceber porque todo viajante cita Barcelona como parada obrigatória.

Gaudí tem considerável mérito pelo fato de a cidade ser considerada tão especial. Suas obras estão espalhadas por todos os lados como num museu a céu aberto, um museu de obras arquitetônicas. A Casa Batlló é um prédio com fachada de mosaicos coloridos projetado por Gaudí. A Casa Millá, não muito longe dali, também bolada por ele, funciona como espaço para exibições. Mais a leste se encontra o muito visitado Templo da Sagrada Família, ainda que inacabado. O início da construção se deu em 1882 e a previsão de término é o surpreendentemente longínquo 2082. Estão prontas 8 torres de um total de 18 que representarão os 12 apóstolos, os 4 evangelhos, a mãe de Cristo e, a mais imponente, o próprio Jesus. Depois de pronta será a maior Catedral da Europa. Finalmente, um pouco mais longe, se encontra o Parque Guell. Este parque é originalíssimo. Dentro de uma grande área verde se encontra a casa onde Gaudí viveu seus últimos 20 anos, com várias esculturas, colunas e bancos curvos feitos de mosaicos coloridos em um local que instiga até a mais insensível pessoa para um descanso contemplativo.

Mas se comparei Barcelona com Las Vegas, agora me retrato. Enquanto a primeira apresenta dinheiro fluindo dentro dos cassinos, Barcelona possui cultura jorrando pelas ruas, e expoente disso é a La Rambla. Situada entre o porto e a Praça da Catalunha, praça que é palco de festas (como a que estava acontecendo) e de manifestações políticas, a rua La Rambla é o local onde os artistas da calle esbanjam criatividade a fim de garantir seu ganha-pão. Estátuas humanas que só se movem depois de receberem uma moeda, arte interativa, apresentações de shows com marionetes, concertos musicais com instrumentos improvisados, sósias de personalidades apresentando as habilidades dos imitados, enfim, uma profusão de atividades que nunca deixam os cerca de 500 metros da rua sem movimento, ainda mais com o apoio do ritual dos blocos de massa humana que se move, pára, assiste e se move novamente.

Além de tudo isso Barcelona tem praia, o que fez um carioca saudosista dizer que havia encontrado a cidade pela qual trocaria o Rio de Janeiro...
Hemingway escreveu que Paris é uma festa. Barcelona é um festival.

P.S.
É prazeroso constantemente ouvir que uma Copa do Mundo sem o Brasil não teria graça. Sustentam que uma copa sem um Brasil x Itália, Brasil x Alemanha, Brasil x Inglaterra... não seria copa. E olha que isso é a opinião também dos argentinos que encontrei por aqui, aliás, está chovendo argentinos na Europa em conseqüência da crise naquele país.

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