quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

[10] Nem tudo é perfeito no Primeiro Mundo - Dinamarca

O verdadeiro viajante é aquele que viaja a pé, e ainda assim se
senta muitas vezes
Colette


Cheguei em Copenhague faminto e logo ao descer na estação de trem central fui procurar algo para comer. Mas como sempre fazia, primeiro estudava um pouco os preços, fazendo as devidas conversões. Os valores estavam um pouco mais inflacionados do que em Amsterdã, mas encontrei um sanduíche natural que parecia ser uma boa barganha. Troquei um pouco de dólar em coroas dinamarquesas numa loja de Câmbio dentro da própria estação e comprei o sanduíche. Enquanto comia localizei o balcão de informações e confirmei o local onde teria que pegar o ônibus para ir até o albergue.

Os ônibus eram moderníssimos e possuíam dois andares. Sentei lá em cima, bem na frente, e a medida que o ônibus andava eu fazia o primeiro reconhecimento da terra dos vinkings. Tudo era muito belo, mas subitamente meu humor foi mudando, parecia que estar num local onde poucos estrangeiros tinham acesso não mais me alegrava. Aquele ônibus diferente, as ruas bem sinalizadas, a arquitetura típica, as fachadas das lojas, o sotaque dinamarquês, as pessoas loiras, nada mais me chamava atenção e, muito diferente disso, me provocavam náuseas. Era algo forte, que vinha de dentro. Não havia mais dúvidas, eu estava passando mal, e as dobras de meu estômago se comportavam como uma sanfona desafinada.

Agora tudo o que queria era chegar até minha hospedagem. Mal chegara à cidade e já daria um vexame ? E em pleno transporte público ? Não. Tinha que agüentar. O final do trajeto pareceu ter durado uma eternidade e o bolo alimentar regurgitava clamando liberdade. Entrei rapidamente no albergue onde ainda teria que aguardar em uma fila, pois a recepção seria aberta em breve. Não titubeei, antes de qualquer coisa saí em disparada em busca de um banheiro, e quando encontrei um...

Era assim que eu agradecia a recepção da Dinamarca ? Bem, nada mais merecido, afinal, num local considerado primeiríssimo mundo, o mínimo que se poderia esperar era um melhor controle de qualidade dos alimentos, principalmente com essa clássica causadora de indigestões mundo afora, a famigerada maionese. Mas o incidente não atrapalhou meus planos seguintes e em breve já estava novamente preparado para conhecer a cidade.

Assim como em Amsterdã, o transporte através de bicicletas em Copenhague é encorajado. A cidade é bastante plana e sempre entre as largas ruas e os passeios existe uma pista exclusiva para bicicletas. Em vários locais espalhados pela cidade há “bicicletas públicas”, ou seja, basta depositar algumas moedas em um dispositivo-tranca que prende o pneu, que a bicicleta é liberada. Anda-se o quanto quiser e depois é confiado que a bicicleta seja deixada novamente em qualquer destes pontos. Fascinante, não?! Infelizmente não encontrei nenhuma disponível no horário que me interessava e então aluguei uma em uma loja mesmo, a um preço bem convidativo.

Pus-me a vaguear com minha nova companheira. Andei pelo centro e me enveredei pela parte periférica da cidade onde pude encontrar uns canais muito interessantes que, creio, renderão boas fotos. Mas, de repente… começou a chover. Imaginem, uma mochila nas costas, um guarda-chuva em uma mão e ia controlando a bicicleta com a outra... agora descobria a utilidade daqueles enormes pára-lamas. Pára-lamas. Felizmente a chuva parou e ainda pude conhecer as casas onde viveu o famoso escritor Hans Christian Andersen, criador de “O patinho feio” e “O soldadinho de chumbo”, entre outros. Posteriormente fui ao local onde se encontra uma escultura bastante visitada em Copenhague que representa toda sua obra, a estátua da Pequena Sereia, personagem de um de seus contos.

Copenhague apresenta uma qualidade de vida invejável, assim como a beleza de seu povo. O outono colorindo as folhas das árvores de amarelo e as transferindo para o chão também deu um toque bastante especial a essa parada, apesar da indisposição digestiva...

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