quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

[15] Banho turco na Hungria - Hungria

Percorremos o mundo em busca do que necessitamos para ao final encontrarmos em casa, no nosso regresso.
George Moore

Cheguei à Hungria um tanto quanto inseguro, esperando ser incomodado por muita gente para me carregar para alguma casa. Pensei que a insegurança nas ruas seria grande e ainda que haveria pedintes espalhados por todo lugar. Não foi exatamente o oposto, mas bastou meio dia para perceber que estava com uma imagem totalmente deturpada do antigo segundo mundo, ao menos no que se refere a esse país limítrofe com países da Europa ocidental. Pessoas tentaram me abordar sim, mas não eram insistentes, pareciam que além de ganhar alguns trocados, realmente queriam ajudar. Pedintes vi pouquíssimos, basicamente um em cada lado das quatro principais pontes de Budapeste, todos curvados como o lendário Corcunda de Notre Dame, não sei porque.

A insegurança existe só no que se refere ao trânsito. Os húngaros são um desastre no volante. Não têm a cordialidade do europeu do oeste ou mesmo do norte-americano, de parar o carro caso o pedestre ponha os pés na rua para atravessar. Pelo contrário, ás vezes aceleram e buzinam. Cheguei a ver um acidente e muitas vezes tive que correr para não ser atropelado. Aceleram no amarelo, param na faixa do pedestre quando o sinal fecha, um festival de imprudências que não são muito estranhas para nós brasileiros. Falando de trânsito, ainda se vê muitos Ladas, Laikas, e outros carros muito antigos, resquício da influência soviética, mas também já se vêem carros modernos, resultado do crescente avanço do país em direção ao capitalismo.

Budapeste é dividida em dois distritos: Buda e Peste. Buda é o lado charmoso da cidade, com um centro histórico que foi declarado como Patrimônio Histórico da humanidade pela UNESCO. Lembrei de Ouro Preto lá, caminhando ao lado das casinhas típicas. Existem também dois enormes montes nesse distrito. Um é onde se localiza o Castle Hill, talvez o principal cartão postal da cidade, e também o patrimônio histórico, além de igrejas, miradouros... O outro é onde está a estátua da liberdade húngara e onde se tem a melhor vista de Peste e do Rio Danúbio, com as pontes ligando um distrito ao outro. Algumas das pontes são bastante antigas, mas outras foram reconstruídas após serem bombardeadas durante a guerra.

A vista é realmente bonita. Imaginem-se olhando de cima deste monte e vendo quase toda Peste convergindo para as pontes que atravessam o rio Danúbio e atingem a montanha que se converte em Buda ! Muito confuso ? Esperem as fotos. Peste é o centro comercial, com um trânsito mais eficiente, mas também com algumas atrações como o parlamento parecido com o da Inglaterra, uma catedral, uma sinagoga, alguns museus e um parque. O parque além de uma área verde, um zoológico, um castelo e um parque de diversões possui uma imensa pista de patinação no gelo. Nos finais de semana centenas de pessoas se reúnem neste local para patinar e vale muito a pena, observar a massa de pessoas de todas as idades deslizando em sentido anti-horário. É muito bonito, uma forma de diversão tão diferente para mim, mas que parecia ser tão normal para eles.

Na Hungria definitivamente acabei com minhas "dietas". Fazia tempo que não comia tão bem. E a um custo/benefício excelente. A comida lá é realmente muito barata, mas, lógico, desde que se fuja dos tradicionais restaurantes para turistas montados em pontos estratégicos. Até porque esses restaurantes não devem oferecer um bom serviço (o cliente raramente voltará mesmo) e as comidas nunca são típicas, mas globalizadas.

Uma das coisas mais curiosas que fiz em Budapeste foi ir a um dos seus famosos banhos públicos, herança dos turcos. Em vez de escolher um balneário construído por um hotel no começo do século, também famoso, resolvi ir a um mais tradicional, que funciona em um prédio com centenas de anos, bastante curioso. Basicamente havia algumas salas que funcionavam como sauna à vapor, outras como sauna seca e, no centro, uma piscina com águas termais a uns 30 e poucos graus, na parte do prédio que era mais interessante. Sobre a piscina há uma cúpula sustentada por oito pilastras. Os turistas, como eu, geralmente usam um calção ou tanga, e o povo nativo escolhe entre banhar-se como veio ao mundo ou usar uma tanguinha engraçada que só cobre a parte da frente, realmente hilário.

P.S.
Na Hungria fui abordado duas vezes por fiscais do metrô para verificarem se eu tinha as passagens.

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